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domingo, 22 de maio de 2016

Silêncio

Há algo que melhor dormir faça do que o silêncio?
Há algo que mais barulho faça do que o silêncio?
Posso dormir eternamente em teu silêncio
Sonhando com o cheiro dos teus cabelos
E com o calor do teu abraço.
Ouvindo tua voz em minhas memórias,
Lembrando o teu sorriso que agracia
E o teu olhar que, abarrotado de expressão, ilumina.
Em todo esse silêncio não há nada mais a fazer,
Apenas dormir.

Manoela Brum

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Doce impossibilidade

É loucura estar assim mergulhada em teu mar? 
Um mar no qual possivelmente não saberei nadar? 
No entanto, preciso da tua água. 
Tua água é a chuva que molha a minha terra e fá-la germinar. 
Sem tuas chuvas, 
não mais loucas emoções, 
não mais desejo sonhador, 
não mais lindas músicas,
não mais escritos, nem poemas, 
não, ainda uma vez, 
não mais florescer de nenhuma bela flor.

Manoela Brum

sábado, 7 de maio de 2016

Chorando as lágrimas que irei engolir

"No final você está sozinho e ninguém aparece para te buscar." Person of Interest

É assim que me sinto quando vejo que sorrisos amigos já não são mais os mesmos. Novamente. Um grupo que o tempo perfurou, invadiu, alterou.
"Deixe no passado. Apenas deixe no passado."
As coisas mudam, sempre mudaram e sempre vão mudar. Ou você deixa as mudanças adentrarem e alterarem o que jamais será novamente imaculado, ou aceita que as coisas mudaram e as deixa no passado.
Mas... Sinto-me dependente... Penso que para desistir precisaria de algo para compensar a perda. Mas nunca terei. Sempre haverá algo a perder e sempre haverá algo a compensar, mas nunca a compensação.
Então deveria apenas aceitar as mudanças que o mundo esfrega na minha cara? Aceitá-las e vê-las tornarem-se parte do usual? Mas e como eu fico perante isso? Eu não importo? Por quantas vezes mais? Por quanto tempo mais?
Para no final, cada lágrima se tornar símbolo vergonhoso do que perdi, de mim ou deles.


Manoela Brum

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Diálogo de um sonho

Vassalo com timidez começou a perguntar.
Suserano com timidez começou a falar.
Suserano cala-se.
Vassalo cala-se.
Vassalo ousa continuar a perguntar.
Suserano entrega-se e continua a contar.
Vassalo se esforça para tentar alcançar.
Suserano volta-se e se entrega a seu mar.
Vassalo suplica por água.
Suserano lhe presenteia com as gotas da sobra.
Vassalo se sente feliz.
Mas vassalo deseja mais.
Vassalo não sabe parar.
Vassalo volta a perguntar.
Suserano volta a falar.
Vassalo, despe-se.
Suserano aprecia e, põe-se a perguntar.
Vassalo não sabe mais voltar.
Suserano deixa-o entrar.
Vassalo não sabe como agir;
Vassalo vai continuar a perguntar.
Vassalo deseja apenas um lar:

O coração de seu suserano, despido, a lhe clamar.

Manoela Brum