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domingo, 20 de novembro de 2016

Crowning the moment

Eu andei por entre as nuvens.

Senti os raios do sol antes que pudessem tocar a terra.

Senti a brisa da chuva antes que ela se tornasse.

Fui levada pelo vento até o início do mundo.

Mas, eis que entrevi as montanhas, e não pude me desviar delas.

A visão do horizonte foi magnífica, mas seu impacto foi doloroso.

Caída sobre elas, sem a coragem do vento ou as carícias da chuva, entreguei-me às pedras que vi rolando.

A natureza tomou-me mais uma vez mostrando-me sua beleza.

Com meus dedos feridos por escalar suas pedras, cheguei ao topo e te dominei, ó imponente montanha orgulhosa.

Agora te enxergo por inteira, pois sobre ti estou.

Vejo todos os seus embustes, mas a visão que me dás, ainda me deslumbra.


Manoela Brum

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

What should be lost is there

"Eu ainda sinto. Está guardado, está calado, mas está ali, está vivo. E cada sorriso se transforma num doce momento, assim como cada doce momento torna-se mais um sorriso."

Eu poderia lhe dar o mundo,
Mas você não aceitaria.
Eu poderia fazer de tudo,
Mas em ti nada nasceria.
No fim, devo eu apenas aceitar
Que o maior, mais doce e suave
Sentimento, guardado deve estar.

Manoela Brum

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Deixe-me ser

Deixe-me ser.
Deixe-me ser um pedacinho do chão que você pisa.
Deixe-me ser.
Deixe-me ser um pouquinho do ar que respira.
Deixe-me ser.
Deixe-me ser o vento que acaricia a sua pele,
Os lábios que recebem seu sorriso,
A razão, que à vida te impele.

Manoela Brum

domingo, 22 de maio de 2016

Silêncio

Há algo que melhor dormir faça do que o silêncio?
Há algo que mais barulho faça do que o silêncio?
Posso dormir eternamente em teu silêncio
Sonhando com o cheiro dos teus cabelos
E com o calor do teu abraço.
Ouvindo tua voz em minhas memórias,
Lembrando o teu sorriso que agracia
E o teu olhar que, abarrotado de expressão, ilumina.
Em todo esse silêncio não há nada mais a fazer,
Apenas dormir.

Manoela Brum

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Doce impossibilidade

É loucura estar assim mergulhada em teu mar? 
Um mar no qual possivelmente não saberei nadar? 
No entanto, preciso da tua água. 
Tua água é a chuva que molha a minha terra e fá-la germinar. 
Sem tuas chuvas, 
não mais loucas emoções, 
não mais desejo sonhador, 
não mais lindas músicas,
não mais escritos, nem poemas, 
não, ainda uma vez, 
não mais florescer de nenhuma bela flor.

Manoela Brum

sábado, 7 de maio de 2016

Chorando as lágrimas que irei engolir

"No final você está sozinho e ninguém aparece para te buscar." Person of Interest

É assim que me sinto quando vejo que sorrisos amigos já não são mais os mesmos. Novamente. Um grupo que o tempo perfurou, invadiu, alterou.
"Deixe no passado. Apenas deixe no passado."
As coisas mudam, sempre mudaram e sempre vão mudar. Ou você deixa as mudanças adentrarem e alterarem o que jamais será novamente imaculado, ou aceita que as coisas mudaram e as deixa no passado.
Mas... Sinto-me dependente... Penso que para desistir precisaria de algo para compensar a perda. Mas nunca terei. Sempre haverá algo a perder e sempre haverá algo a compensar, mas nunca a compensação.
Então deveria apenas aceitar as mudanças que o mundo esfrega na minha cara? Aceitá-las e vê-las tornarem-se parte do usual? Mas e como eu fico perante isso? Eu não importo? Por quantas vezes mais? Por quanto tempo mais?
Para no final, cada lágrima se tornar símbolo vergonhoso do que perdi, de mim ou deles.


Manoela Brum

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Diálogo de um sonho

Vassalo com timidez começou a perguntar.
Suserano com timidez começou a falar.
Suserano cala-se.
Vassalo cala-se.
Vassalo ousa continuar a perguntar.
Suserano entrega-se e continua a contar.
Vassalo se esforça para tentar alcançar.
Suserano volta-se e se entrega a seu mar.
Vassalo suplica por água.
Suserano lhe presenteia com as gotas da sobra.
Vassalo se sente feliz.
Mas vassalo deseja mais.
Vassalo não sabe parar.
Vassalo volta a perguntar.
Suserano volta a falar.
Vassalo, despe-se.
Suserano aprecia e, põe-se a perguntar.
Vassalo não sabe mais voltar.
Suserano deixa-o entrar.
Vassalo não sabe como agir;
Vassalo vai continuar a perguntar.
Vassalo deseja apenas um lar:

O coração de seu suserano, despido, a lhe clamar.

Manoela Brum

sábado, 30 de abril de 2016

És a diferença

Tu, alma perdida da minha alma, me surpreende a cada dia.

Bem e mal, adoro descobrir coisas a teu respeito.

E tu, alma querida, me encantas cada vez mais.

Tu trouxeste de volta a minha poesia,

Trouxeste de volta o não saber o que fazer,

O pensar, o não querer e o se encantar.

Tu não és mais uma e nunca será.

Tu fazes a diferença, do teu jeito, certo ou errado.

Manoela Brum

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Voe, Eva.

Não queria ter estes sentimentos por ti. Quando começaram eram bruma da manhã, aconchegantes como calor de mãe. Mas o monstro não os deixou sozinho. Apareceu para mostrar que nem tudo são rosas, e que se forem, terão espinhos.
Não queria ter estes sentimentos por ti. Não os tenho por ninguém. Sei dar asas às aves que me cercam. Mas por que não sei dá-las a ti? Eu não entendo meu próprio sentimento. A alguns eu dou porque sei que não irão voar para muito longe, ao menos não sem lembrar o caminho de volta. A outros porque acho que se quiserem voar para longe é porque desde sempre estiveram aqui só de passagem, migrando de lá para acolá. Mas você... Eu não poderia perder. E não sei te deixar voar porque não sei se saberás (quererás) ver o caminho de volta.
Há coisas que eu preciso. Preciso tocar tua mão, preciso tocar teu rosto. Preciso ser o motivo dos teus sorrisos e o consolo dos teus choros. Preciso saber que sou para ti tanto quando és para mim. Ou então, preciso te deixar partir. Para sempre, para onde meus olhos jamais te visarão e meus ouvidos não mais ouvirão falar de ti.
O problema é que nenhum dos dois caminhos consigo seguir. Às vezes te olho e vejo que não precisas de mim. Quando, portanto, vou partir, algo me diz firme, que para lugar algum devo ir. Não agora. Não mais agora.
Talvez a saída seja voltar-me ao meu mundo e ter-te apenas nele. Assim poderei continuar aqui, tentando prosseguir sem atingir a mim ou a ti. Guardando meu “isso” para que jamais seja maculado. Naquele meu eterno, maleável e mutável baú feito de nuvens.

Manoela Brum

terça-feira, 12 de abril de 2016

It lies here

Tenho mil caminhos a seguir.

Preciso de algo que faça dormir.

Já não há mais o que resolva.

Palavras não mais existem para mascarar.

Músicas não mais existem para embriagar.

Preciso falar. O silêncio diz não.

Preciso olhar. O silêncio diz não.

E as poesias mais profundas, todas falam de ti.

Mesmo as que, não fui eu que escrevi.

Chego a querer parar de sentir.

Talvez eu devesse, apenas, dormir.

Manoela Brum

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Perfeição

Sei tanto sobre que, vejo que nada sei à respeito. 
É tão perto e tão tangível, mas quando olho ao lado vejo que é outro mundo. 
Mundo vizinho, que está a milhas de distância. 
Que está, literalmente, anos à frente. 
Seria regredir entrar no passado? 
Seria a redenção, o resgate da felicidade perdida?
Talvez será. 
Ou talvez perceberemos, eu e tu, que realmente não tens tempo para quem realmente se importa.

Manoela Brum

quinta-feira, 31 de março de 2016

Tome seu tempo. Leia. Pense. Não pense. Relaxe, respire fundo e vá.

"Há um grande perigo nessas loucas adorações: O perigos de perdê-las, não menor que o perigo de conservá-las." Oscar Wilde

É, eu deveria parar, parar, apenas parar.
Ás vezes eu penso isso.
Mas parece que já cheguei tão longe...
De fato, mais longe do que achei que chegaria.
Para agora parar?
Mas "isso" está me afetando, de um jeito que não deveria.
Será que é mesmo "isso" que me afeta?
Mas e se  for, não posso apenas impedir que me afete?

"Não quero sentir-me à mercê das minhas emoções. Quero experimentá-las, gozá-las e dominá-las." Oscar Wilde

Posso então simplesmente dominar "isso"?
"Isso" que nem sei o que é?
Que venho tentando descobrir, chegando cada vez mais longe, mas a lugar algum?
Mas não posso desistir agora.
Mas não posso manchar "isso" com cores tristes.
Mas não posso avançar maculando meu "isso".
Eu não sei o que vem em seguida.
Eu nunca imaginei que chegaria até aqui, então sei que não posso parar.
Preciso saber o que virá.

"O destino não envia arautos. É sábio demais, ou talvez cruel demais para isso." Oscar Wilde

Manoela Brum

Queen

Por fim agora eu tenho
meu baú feito de nuvens
meu baú secreto
minha caixinha de vida
meu refúgio do sentimento
a cama para meus sonhos
a calma para meu sono.
Tenho algo a guardar
algo a nunca perder
algo a nunca esquecer
que jamais deverá ser maculado.
Obrigada, oh rainha
obrigada por essa dádiva
obrigada por cada presente
obrigada por esse mar.
Por favor, deixe-me entrar.


Manoela Brum

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Algo

Por que você veio?
Veio sem vir
e não deixou nada pra mim.
Veio sem vir
E foi-se sem ir.
Não foi, mas não está aqui.
Nunca esteve aqui
Mas está demais aqui
Sinto você aqui,
Mas você não está aqui.
Quero que saia;
Quero que fique;
Quero que permaneça assim;
Quero que reaja, enfim.