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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Então é Natal...

E, como de costume, faço uma reflexão. Aquelas das minhas reflexões feias para alguns, porque reflito sobre o quão feia é a sociedade em que vivemos.

Mas, desta vez, trago uma frase que alguém me disse, e que jamais esqueci:

"Todos se preocupam em deixar um mundo melhor para as nossas crianças, mas poucos se preocupam em deixar crianças melhores para o nosso mundo."

E pensando nisso, lembro de situações que presenciei, como uma mãe com uma criança de uns 3 anos andando na rua e de repente os dois param, se olham e a criança joga no chão (bem entre eles) uma caixinha de Todinho vazia e pisa em cima para amassá-la, e ambos continuam como se nada tivesse acontecido, deixando a caixinha para trás... A sua marca no mundo - porque todos deixam sua marca no mundo. Lembro também das vezes em que presenciei crianças fazendo birra, não querendo comer, ou qualquer coisa do tipo, e os pais não tomando nenhuma atitude quanto a isso, incutindo nos filhos a ideia de que podem fazer o que quiserem e quando o quiserem. Ainda, aquelas vezes em que percebo que é necessário que um fiscal de trânsito, muitas vezes, faça sinal para os carros pararem em uma faixa de pedestres para um idoso passar... FAIXA DE PEDESTRES... IDOSO... Como os motoristas não percebem a lei, o dever, e simplesmente olvidam as regras de respeito no trânsito? Pais que fazem isso ensinam seus filhos a não se preocuparem com  a vida alheia, a serem egoístas.

E aí eu penso... Se mesmo para quem foi criado dentro de uma educação com princípios, é difícil, muitas vezes, enxergar o sentimento dos outros e pensar primeiro nos outros e depois em si mesmo, como será com essas crianças que sequer são ensinadas a fazer isso?

E é então que eu temo o futuro e penso, de que serve o Natal? Apenas para dar presentes às crianças? Sim, porque é isso que muitos pais ensinam aos seus filhos.

Manoela Brum

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Estrela, que saudade de você! Que saudade de te ver!

Ontem a noite parei e vi,
Olhando para o alto percebi
O quanto faz falta o tempo
O tempo que tinha para olhar pra ti.

Dias, meses e você sempre ali.
Eu lhe abandonara, mas você sempre a sorrir.
De dia, às escondidas; à noite, visando a mim.
Com a sua luz branca, sem do lugar sair.

Desculpe-me estrela querida,
Perdoe, pois, a minha vida.
Essa vida que a vida me tirou.
E sem vida, vivendo a vida eu vou.

Manoela Brum

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Que mundo é esse?

O que? Como? Não sei.
Que mundo estranho. Gelado. Instável.
De repente, acordei.
Olho em volta... Não entendo essas pessoas. Não entendo esse mundo.
Minha zona de conforto sempre foi tudo. Sempre foi razoavelmente confortável.
Mas o hoje me tirou isso.
E eu não sei viver nesse mundo. Não sei viver com essas pessoas.
Pessoas? O que são pessoas?
Essas que tenho visto não parecem pessoas.
São organismos apenas.
Não são como as pessoas que conheço.
Não são como as pessoas do meu mundo.
Eu não sei viver nesse mundo.
...Esse mundo frio...
Não sei, nem quero viver nele.
Esse mundo frio e individualista não me atrai.
Quero voltar pro meu mundo.
Preciso dar um jeito de voltar para ele.
Nele eu estava protegida. 
Protegida do meu modo.
Protegida e inteira, por dentro.

Hoje, esse mundo me despedaça.

Manoela Brum

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Família


Atitude esgoísta? O que é atitude egoísta? 
Família? O que é família?
Com certeza não é mandar o filho recolher a roupa as 23:00hs quando chega cansado por ter levantado as 7:00 da manhã e não parado o dia inteiro entre estudos e trabalho, tendo ainda que levantar as 7:00hs no outro dia também. Tudo bem que se os pais lavaram e estenderam a roupa o filho tem que, no mínimo, se prestar a recolher. Mas precisa ser assim? É correto que seja assim? Como haver um conceito de "família" assim?
Que exemplos de preocupação com o outro pais que agem assim estarão passando para os filhos?
É por isso que odeio essas pessoas. É por isso que odeio essa sociedade. 
Todos querem amor, caridade e beneficência para si, mas quem é que age sem egoísmo para com os outros?
Esse foi só mais um exemplo.

Manoela Brum

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Palavras não ditas. Palavras escondidas.

Sempre há o momento,
O momento em que se cala,
O que se pensa não se fala,
Só pra que as palavras não cheguem.

Palavras.
Pra que não cheguem ao final
Da sala, do ar ou do caminho que seguem;
Para que aos ouvidos não cheguem;
Para que não firam a alguém.

É nessa hora que se pensa o que se fala
O que se pensa não se fala
Ou pensa e não fala.
Palavras. Clavas. Hastes. Lâminas. Objetos impalpáveis.
Faria muito com vocês, se palpáveis se tornassem.

Manoela Brum

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tanto tão nada... Nada tão tanto...


O que temos?
Na verdade, temos muito.
Muito de nada.
O que é tudo o que temos?
O que é o que queremos?
Por que queremos?
Porque temos tudo tão tanto e,
Tudo que nada temos, tanto queremos?
Porque muito de nada parece tanto?
Por que tanto pode parecer tão pouco?
Porque tanto?
Por que nada?
Por que tanto nada?
Ou tanto tanto?
Tanto nada que é tanto?
Tanto tanto que é nada?
Nada perto do tanto,
Tanto perto do tanto.
Não sei o que tenho.
Não sei se é nada;
Não sei se é tanto.
Nem sei se tenho. 

Manoela Brum

terça-feira, 30 de abril de 2013

VONTADE


Vontade, vontade, vontade.

Céus, o que fazer com essa vontade?

A vontade consequente;

A vontade decorrente;

A vontade que vem, somente,

Das visões pelos olhos vistas.

A vontade:

“Por favor, resolva esta vontade”.

É algo que me suplica.

A vontade dos olhos.

A vontade da boca, do sorriso.

A vontade do cheiro, do toque.

Por favor, dê-me o teu olhar.

Dê-me, para mim;

Dê-me, deixe-me olhar.
 
Manoela Brum

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Crianças Desdentadas

A vida tem diversas fases. A cada nova fase da vida, entramos como alguém que entra com os olhos vendados em algum lugar onde jamais havia entrado: no escuro. Entramos no escuro a cada nova fase da vida. Não sabemos como vai ser. Não sabemos mesmo como é, ou como já foi. Nem mesmo sabemos se é.
E assim seguimos nessa fase, passando aos poucos a conhecê-la melhor e entende-la. Conhecemos as pessoas que vão fazer parte desta fase, ou a imagem delas. A cada dia aprendemos mais sobre o novo terreno, as novas condições e as possíveis continuações, as possíveis próximas fases.
E assim nossos dentes vão crescendo, aprendemos a mastigar, primeiro as coisas macias, depois as “carnes” dessa nova fase; aprendemos a roer os ossos e aprendemos que uma coxa de galinha fica mais gostosa quando usamos diretamente as mãos para comê-la. E nossos dentes, então, cada vez mais fortes se tornam.
Entretanto, continuamos permanentemente desdentados. Por quê? Fases novas sempre aparecem e, embora haja cada vez mais experiências na bagagem, continuamos sempre desdentados, pois nunca sabemos o que vai acontecer. Nem mesmo os lendários psicopatas geniais (que se existirem, têm minha profunda admiração) têm seus dentes permanentemente, pois por mais que manipulem toda e qualquer situação para que ocorra da forma como querem, quando num novo terreno, numa nova fase, passam seus primeiros momentos observando o meio e as pessoas. São seus dentes que estão nascendo. Nascem mais rápido do que os das pessoas normais, mas ainda, precisam nascer.
Logo, na realidade, somos crianças desdentadas que têm seus dentes se desenvolvendo a cada nova fase na vida?
Mas... O que dizer dos dias? Dos novos dias? Você sabe como vai ser amanhã? Você acha que sabe, ou tem uma conclusão generalista de como vá ser, mas você nunca tem certeza absoluta de como será. O dia de amanhã é sempre escuro antes de acontecer. Por mais que uma análise posterior mostre que ele foi igual ao anterior, antes de ser não sabemos como será. O mesmo acontece para os minutos, para as horas. Temos uma noção de o que estaremos fazendo nas próximas horas, mas nunca podemos ter certeza. A quem acha que a tem, a vida se encarrega de mostrar que nunca a temos. Então somos crianças desdentadas sempre perante a vida, porquanto, por mais que as experiências nos permitam já saber como mastigar certas situações, sempre haverá situações novas, infindavelmente. E nunca sabemos quando essas situações virão, então por mais que estejamos em terreno conhecido e com nossos dentes firmes, sempre há relevante possibilidade de estarmos pisando no desconhecido, achando que é conhecido. Nunca sabemos, ao certo, o que sabemos, o que conhecemos. Nunca sabemos se sabemos ou conhecemos. Nunca sabemos.
Somos ainda crianças desdentadas perante a vida, perante o mundo. E sempre o seremos. E quanto mais procurarmos saber, mais ainda veremos o quanto ainda somos desdentados.

 
Manoela Brum

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O que acontece por detrás dos panos, afinal? Qual é o final da peça, afinal?

E aí você quer muito uma coisa, mas parece que a coisa não vai acontecer. E aí você entende que tem coisas que não são pra você. E aí você acha que tem que se conformar. Mas aí... Aí você pensa que não pode se conformar, que isso seria comodidade, derrotismo. Aí você acha que tem que achar que, então, tem chance de acontecer. Aí você lembra de todas as vezes que já passou por isso e que não aconteceu. Aí você lembra das vezes em que aconteceu. Aí você acha que pode acontecer, afinal, nunca sabemos o que se passar por detrás das cortinas. Mas aí vem os prós, os contras, e o "que merda, o que vai acontecer afinal"? Aí você escuta "Hurt" do Jhony Cash... Voz e violão... Achando que se pudesse começar de novo a milhões de milhas distante encontraria um jeito, um caminho. Mas o que eu acho? Acho que não faria diferença. A qualquer tempo ou distancia ou ponto geográfico, acho que essas coisas vão continuar acontecendo. Sinceramente, chega momentos que você não sabe mais se vai ou fica. Você quer ir, mas algo impede. Você não quer ficar, mas parece a melhor forma. Isso acontecendo sempre, satura.
 
O final da peça? O de sempre.
Acho que a vida é como os filmes. O geral é o arroz com feijão. E de vez em quando, muito de vez em quando o diretor surpreende.
 
Quem é o diretor dessa peça?

Manoela Brum