Tem uma poesia querendo escapar de mim
Não sei seu gosto, nem sabor,
Nem cheiro, nem frescor.
Posso apenas senti-la em mim,
Com todo ou sem todo o seu ardor.
Parece-me que tem algo a ver
Com as doces paisagens de Edimburgo,
Com sua atmosfera antiga e mágica,
Ou com seu castelo
escuro.
A poesia que quer escapar de mim
Pode ser que esteja entre meus delírios,
Pode ser que esteja entre meus delírios,
Mas não sei como explica-la ou mostra-la.
Nem mesmo, eu consigo pega-la,
Para impedir que me roube a vida
Para se tornar viva.
Para se tornar viva.
Eu a sinto quando sinto a água na pele,
A água que cai quente e arranca arrepios.
A poesia que quer escapar de mim,
Sinto-a no vento que bate em meu rosto.
Talvez ela tenha medo da chuva,
Mas quando eu, por mim, vejo a chuva,
Sinto a poesia escapando de mim.
Ela foge a todo momento,
Mas a cada novo momento,
Sinto, e ela está em mim.
E mesmo depois de uma decepção,
Eu vejo um pássaro ao olhar pro nada,
e vejo a poesia saindo de mim.
Ela encontra seu berço no pássaro que vi
E com ele sai voando pelos céus.
Digo que ainda não entendi o que ela quer,
Porque logo depois, ela está envolta em mim.
Manoela Brum
Se é pelos olhos que o coração sua, é por mãos a tecer versos que, suave, ele flutua.
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