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domingo, 23 de dezembro de 2012

Contos de Fadas

É quase obrigatório postar algo sobre o Natal. Obrigatório por quê? Impossível não observar como a sociedade aje e fazer comparações com ela mesma. Com Ela Mesma. Acontece que depois de tantas palavras jogadas ao ar, as palavras faltam. Escassam-se.
A novidade deste Natal foi a analogia com contos de fadas. A observação mostrou que, incontestavelmente, as pessoas gostam de contos  de fadas. Não sejamos modestos, elas amam contos de fadas. Parece que os contos de fadas as movem, as nutrem. Gostam das histórias e filmes infantis quando crianças. Depois de adultas, a sociedade as constrangem a não mais acreditar em contos de fadas. Aí elas passam a acreditar que há alguma coisa de diferente numa data qualquer, no caso, no Natal. Elas fazem ceias, reunem a família e dão presentes. Sorriam. Sorriam. Inconscientemente submergem-se  num conto de fadas e contentam-se em levar os mais novos com elas nas suas tradições, assim como sempre fizeram. Como sempre, levam os pequeninos com elas. Satisfazem-se ao perceber o quanto as belas crianças acreditam nas mentiras que elas mesmas tentam acreditar. Comprazem-se ao levá-los com elas, onde que forem, onde quer que estejam, qual erro quer que estejam. Isso lembra a Idade Média, quando os pais levavam seus filhos para ver as chacinas que ocorriam com seres humanos, as torturas em praças públicas. Lembra também uma cena que se repete constantemente nas igrejas: criancinhas sendo desde cedo condicionadas a crerem em dogmas, a beijar um pedaço comum madeira, apenas pela imagem que carregava. Depois não são capazes de beijar seus próprios pais.

É assim que a  sociedade arruina-se a si mesma sem perceber.

Para interessados às palavras jogadas ao vento dos Natais passados:

2011:
2010:
 
Manoela Brum

sábado, 17 de novembro de 2012

Ele, William Wallace

“A história que lhes contarei agora, os ingleses dirão que é mentira”.

Um menino que viu um celeiro cheio de homens, mulheres e crianças enforcados, pelo domínio inglês. Que viu seu pai e seu irmão mortos, pelo domínio inglês. Que, já homem e educado por tios sacerdotes, viu sua esposa morta, pelo domínio inglês. Que vingou a morte da esposa e percebeu que nada se consegue sem liberdade, que nada se consegue sem liberdade. Que lutou por liberdade. Que usou de sua inteligência, de sua força e de seu amor para lutar por liberdade. Que recrutou milhares de homens, não porque se não lutassem por ele, lhes expulsariam das terras e suas viúvas e filhos morreriam de fome como faziam os nobres, mas porque Ele lutava por algo que há tempos não tinham: Liberdade. Mas a avareza, ah a avareza. O suborno, ah o suborno. A Inglaterra subornou os avaros e corruptíveis nobres escoceses – que não mereciam essa definição: escocês, pois o verdadeiro povo escocês nunca foi corrupto – lhes dando terras e ouro... Para quê? Para que não se unissem ao William Wallace. Por quê? Porque se o povo escocês se unisse não haveria mais domínio inglês. Mas os ingleses não eram capazes de lutar contra Ele e necessitavam de subsídios odiosos e sutis para conseguirem algo que não lhes pertencia: a vitória. A vitória estava e sempre esteve com William Wallace, os ingleses a tentaram, mas apenas adiaram o inevitável. 

E quando, depois da mártir morte de William Wallace, sua cabeça exposta na ponte de Londres e seus pedaços enviados aos quatro cantos da Grã-Bretanha como advertência não obtiveram o resultado esperado por Edward Longshanks (rei da Inglaterra), Robert Bruce (um nobre escocês) cavalgou para prestar reverência aos exércitos do Rei Inglês e aceitar o endosso à sua coroa. Depois de sentir, de lembrar o valor da liberdade que enxergou nos olhos de William Wallace, de acreditar como sempre quisera acreditar como Ele acreditara, tímida, mas valentemente, exclamou aos bravos cavaleiros que sangraram com William Wallace que, agora, então, sangrassem com ele. E assim, quando a espada da liberdade carregada por um dos fiéis companheiros de William Wallace voou aos céus, a alma Dele certamente voou com ela e ao perfurar o chão com a lâmina da guerra que precedia a paz, “no ano de 1314, os patriotas da Escócia famintos e em número menor, atacaram os campos de Bannockburn. Lutaram como poetas da guerra, lutaram como escoceses, e conseguiram sua liberdade”.




Esse é o povo escocês, essa é a Escócia que, apesar de tudo, venceu.
 

Inspirado no Filme Braveheart, dirigido e estrelado por Mel Gibson.
Manoela Brum

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sã loucura

A razão é, em geral,
Bastante lógica, bastante racional.
Ela diz que não devo alimentar
O que sei não alcançar.
Que não devo a tentar iludir
Com desejos que não se irão cumprir.
Mas a ilusão continua,
E não é, nem nua, nem crua.
Pelo contrário, vestida ela vem,
Como bruma no além.
Como nuvem macia a planar.
Como vento ameno a soprar.
Como chuva cristalina a cair.
Ela vem da forma mais doce que se pode pensar.
Ela vem da forma mais necessária que se pode tornar.
Ela vem, e vem apenas para me salvar.
 
Assim, minha loucura me impede de enlouquecer.
 
Manoela Brum

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dia das Crianças

Parece mentira que tenham várias passando fome.
Parece mentira que tenham várias na rua, com carinhas tristes.
Perece mentira que tenham criancinhas, que nem conheceram o melhor da vida ainda, viciadas. Escravas de uma substância. 
Parece mentira que tenham várias neste momento, em zonas de guerra, indefesas.
Parece mentira que tenham várias sozinhas, abandonadas num mundo gigantesco como é o planeta Terra.
Parece mentira que na idade da dependência, da maleabilidade, crianças não tenham quem as eduque.
Parece mentira que seja necessário existir um documento intitulado "Declaração dos Direitos da Criança" para assegurar-lhes direitos de humanos. Como se vivêssemos em uma sociedade animal, onde precisasse ser ASSEGURADO os Direitos Humanos.
Parece mentira que hajam criancinhas abandonadas em orfanatos.
Parece mentira que tenham crianças passando para a juventude sem saber o que é uma família.
Parece mentira que existam crianças com armas na mão, com ódio no coração.
Parece mentira que existam crianças sendo abusadas, escravizadas, espancadas, mal tratadas, usadas como burros de carga, como animais, como objetos, como simples coisas.
Parece mentira que não se valorizem as crianças.
Parece mentira que alguns tenham que estar implorando por piedade para com criancinhas.
Parece mentira que tudo isso ocorra entre seres humanos, seres racionais.
Parece mentira. Parece que não é verdade.




"Gostaria de saber quem definiu o homem como uma animal racional. É a mais primitiva das definições. O homem é uma infinidade de coisas, mas não é racional." (Oscar Wilde)


Manoela Brum


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Não tenho medo do escuro

"Nesta guerra em que me acho todos os dias da minha vida, espero que minha transformação chegue." 
JOB,14:10,14.
Não tenho medo do escuro.
Eu quero o escuro.
Quero o escuro da morte das noites sem sonho.
Quero o sonho preto no ato de abrir os olhos.
Quero a confusão do acordar de vereda.
A vida sem lembranças com lembranças não vividas.
Quero o preto, o preto, o escuro.
O branco escuro  na mente.
O nada. O escuro. Eu não tenho medo do escuro.
Quero o escuro, ele relaxa minha mente.
Me faz poder pensar.
Me faz poder viver novamente.

Manoela Brum 

sábado, 1 de setembro de 2012

Juventude

          Há tempos tenho tido vontade de falar sobre a juventude, este que parece ser o mais belo período da vida. Desacreditado pelos adultos, cobiçado pelas crianças e, muitas vezes, admirados pelos velhos.  Mas cadê a inspiração? Ela vem apenas em alguns momentos e sobre suas específicas situações. Talvez o jeito fosse escrever então a cada momento  desses. Mas não, não gosto de coisas particionadas. Assim como a sabedoria, a opinião também só pode ser formada depois de muitas experiências, e um texto, edificado como resultado do pensar sobre essas experiências.
          Assim como uma opinião está em constante edificação, através dos tempos e experiências vividas, o texto também pode estar em constante modificação, justamente por ser resultado de uma opinião. Como não sermos uma metamorfose ambulante se sempre temos o que aprender e o próprio aprender muda constantemente? Isso é a juventude. Juventude não é um rostinho liso. Juventude é uma filosofia  de vida. Juventude é o constante variável. Juventude é o colocar a mão, levar um choque e colocar a mão de novo para ver se acontece de novo, e de novo, e de novo, e de novo. Velhice é não colocar mais a mão para não levar mais o choque. Juventude é fazer. Se errar, fazer de novo, agora, com conhecimento e racionalidade. Não fazer mais é velhice. No cotidiano, juventude é estudar, é o prazer em aprender. Esse é o verdadeiro jovem. Quem está ansioso para se formar com o intuito de não mais precisar aprender não é jovem, é velho. Juventude é não se contentar. Isso! Não se contentar com o mundo e se pôr então, em movimento, é juventude. Não se contentar com o mundo e se por então, em repouso ou oratória apenas, é velhice. Assim, a juventude não  está em todos os jovens, como a velhice não está em todos os velhos. A juventude é muito mais um fator interno, do que externo. Entretanto, o interior sempre se exterioriza. Se você quer continuar sendo jovem não deixe de querer aprender. Quando já tiver tudo o que quer, busque algo novo a querer. Sinta a satisfação de se sentir insatisfeito. E como Einstein falou: “A vida é como andar de bicicleta, para se estar em equilíbrio, é preciso estar em movimento”, no momento em que a inércia chegar, a juventude se foi.
Manoela Brum

domingo, 26 de agosto de 2012

Tem uma poesia querendo escapar de mim...


 
Tem uma poesia querendo escapar de mim
Não sei seu gosto, nem sabor,
Nem cheiro, nem frescor.
Posso apenas senti-la em mim,
Com todo ou sem todo o seu ardor.
 

Parece-me que tem algo a ver
Com as doces paisagens de Edimburgo,
Com sua atmosfera antiga e mágica,
Ou com seu castelo escuro.


A poesia que quer escapar de mim

Pode ser que esteja entre meus delírios,
Mas não sei como explica-la ou mostra-la.
Nem mesmo, eu consigo pega-la,
Para impedir que me roube a vida

Para se tornar viva.
 

Eu a sinto quando sinto a água na pele,
A água que cai quente e arranca arrepios.
A poesia que quer escapar de mim,
Sinto-a no vento que bate em meu rosto.
 
A poesia que quer escapar de mim está presa.

Talvez ela tenha medo da chuva,
Mas quando eu, por mim, vejo a chuva,
Sinto a poesia escapando de mim.
 
Ela foge a todo momento,
Mas a cada novo momento,

Sinto, e ela está em mim.
E mesmo depois de uma decepção,

Eu vejo um pássaro ao olhar pro nada,
e vejo a poesia saindo de mim.

Ela encontra seu berço no pássaro que vi
E com ele sai voando pelos céus.

Digo que ainda não entendi o que ela quer,
Porque logo depois, ela está envolta em mim.
 
Manoela Brum

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Retrato de Dorian Gray

Poesia baseada no livro "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde.

O forte perfume das rosas inundava o estúdio
Trazido por uma ligeira brisa estival
Que corria por entre as árvores do jardim.
Recostado a um canto do divã,
Lorde Henry Wotton, contemplava a cintilação
Das suaves flores cor de mel da estação.

No centro do quarto,
Preso a um cavalete ereto,
Estava o perfeito retrato
Do rosto do jovem Dorian.

Quando indagado, o pintor Basílio Hallward,
Um segredo a respeito de Dorian proferiu:
“Ora, um novo modo de estilo e espécie de arte,
sua personalidade me sugeriu.
Posso agora recriar a vida,
de um modo que antes, ninguém nunca viu.”

Tal era a beleza daquele rosto jovem
Que com sua adolescência branca e rosada
Causou em seu grande amigo
A encarnação visível
Desse ideal invisível
Que persegue sempre
Ao artista incrível.

Mas tão quanto grande era sua paixão
Tão funesta foi a influenciação
De Lorde Henry Wotton,
Que disse, quiçá como predição:
“O que você falou não passa de um romance
um romance artístico, se assim o prefere,
mas quando se vive um romance,
de qualquer espécie que seja,
acaba-se sempre e completamente, sem romantismo.”

O que houve então, ao pobre Basílio?
Que depois da noite do dia 9 de novembro
Teoricamente foi para Paris no trem das onze?
Vinte anos já haviam se passado
De quando o belo quadro foi pintado
Mas o rosto do jovem de ouro
Nunca mesmo se tornou outro
Era sempre o mesmo moço
De 17 anos, novo.

Seja lá qual for a mágica,
Ou trato feito com o diabo.
Uma coisa se sabia,
O retrato, não mais aparecia.

O retrato aquele,
Que lhe revelou sua beleza,
Seu brilho no olhar, seus cachos de ouro,
Que o fez desejar nunca mudar
Revelou-lhe também sua alma
De uma forma
que ninguém poderia imaginar.

Começou com uma ruga de crueldade
Ao lado dos lábios de veludo
E ao final de 20 anos
O referido quadro, já sabia de tudo.
Como pode uma obra de arte
Suportar o peso da idade?
Como pode o verniz,
Transformar-se em rugas e expressões?
A química não explicava, nem podia, pois,
O sangue que surgiu no quadro
Quando do encontro de Dorian e Basílio, e depois.

Surgiram então, rugas de indignação,
De astúcia e hipocrisia.
Mas o que era, o que seria?
Se depois de quase ser morto,
Resolveu que bem melhor se tornaria?
Teria sido simplesmente a vaidade que provocara sua boa ação?
Ou seria o desejo de experimentar uma nova sensação?

É! Nada de bom havia
Em suas cordiais atitudes.
Por vaidade tinha respeitado.
Por hipocrisia, afivelou a máscara de bondade.
Por curiosidade, permitiu a si mesmo aquela renúncia.
Reconhecia-o agora.
Ele é que havia enchido de melancolia suas paixões.
Ele que havia corrompido totalmente seu Espírito,
Causando horror à sua imaginação.
O que o transtornava por fim,
Era a morte em vida, de sua própria alma.

Mas o quadro, lá estava ainda...
E sua simples recordação,
Punha a perder muitos momentos de alegria.
Tinha impressão de que o quadro,
Sua própria consciência, seria.
Sim, era isso, sua própria consciência.
Tinha de destruí-lo.
Olhou em volta e viu a faca assassina de Basílio.
Brilhava. Cintilava.
Da mesma forma que matara o pintor,
Mataria agora a obra, e tudo quanto ela significava.
Mataria o passado e tornar-se-ia livre.
Mataria aquela monstruosa alma visível e,
Sem suas hediondas advertências,
Recuperaria o sossego.
Apanhou a faca e enterrou-a no retrato.

Ouviu-se então um grito
e o ruído de um corpo que caía no chão.
Quando entraram no quarto,
O quadro estava lá, pendurado na parede,
Com a imagem que se estava acostumado a ver de Dorian Gray:
Um jovem de 17 anos, embora tivesse 37.
E estirado ao chão,
Um velho torpe, com uma faca cravada no coração.

Manoela Brum

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Só tenho a agradecer

Dizem que a vida é feita de momentos,
talvez sim.
Nessa luta entre o que somos e o que vivemos,
a realidade tem se misturado com o temporário.
Já não se sabe mais o que é real ou não.
Sei algumas das coisa que são reais.
Sei algumas das que não o são.
Mas na verdade (e obviamente)
o que não sei é que me causa inquietação.
Às vezes o mais útil parece perca de tempo.
Só precisava de um lugar para vomitar a saudade que sinto.
Foram pouco menos ou pouco mais de dois meses,
não sei ao certo.
Estava tão bom que não quis me dar ao trabalho de contar.
E fiz bem.
Como disse Oscar Wilde: “A certeza seria fatal. É a incerteza que dá encanto aos fatos. Um nevoeiro sempre torna as coisas mais maravilhosas”.
Realmente, o nevoeiro tem tornado mais maravilhoso.
O fato de não lembrar nem de teu rosto como um todo,
mas lembrar vagamente da tua voz e de teu jeito de falar,
de ver fugidiamente cenas de teu jeito de andar,
de sentir ainda hoje teus braços sobre mim,
ou envoltos em mim, seja como for,
lembrar ao longe o que sentia com você
 e o quanto me fazia rir,
das músicas que ouvi com você
e de quanto teu corpo me acolhia e teu cheiro me acalmava.
Esse é pra mim o cântico mais distante, embora recente, da felicidade.
Os momento foram curtos, mas pareciam e parecem eternos,
talvez eternizados em minha mente e no fluído cósmico universal,
e revividos a cada vez que lembro deles.
O fim foi em silêncio e talvez nem tenha sido.
Mas já não sei se quero saber disso.
Seja o que for que tiver sido,
não guardo raivas, nem mágoas,
nem jamais poderei ter isso,
pois se foram realidade ou falsidade,
ou ainda, apenas delírio,
foram coisas maravilhosas
que jamais havia sentido.
Mesmo que descobrisse que foi um erro,
e mesmo que nunca tenha achado certo dizer isso,
eu faria outra vez,
pois não conseguiria viver sem lembrar disso.
Ainda, mesmo que seja qualquer circunstância,
tenho, para mim, uma consolação eterna:
a de que tenho a eternidade,
e poderei reviver isso.

Manoela Brum

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Resquícios de uma antiga paixão

Estava eu caminhando pelas bifurcadas estradas da vida, quando de repente vi um buraco, e desse buracos saía uma luz... algo brilhava lá dentro e me chamava a atenção... não pude resistir e me entreguei a essa aventura...
Quando comecei a descer, algo me disse que voltasse, porém não dei bola, deixei levar-me pelo desejo de achar algo que satisfizesse meu amor próprio, afinal, não podia perder a oportunidade de quem sabe achar um grande diamante lá em baixo, pois essa deveria ser a causa do intenso brilho...
Fui descendo, descendo, não estava tão difícil, até porque estava encontrando pelo caminho pequenas pedras brilhantes, as quais eu recolhia e guardava, pois acredita serem elas valiosas, embora não pudesse ter certeza, devido à escuridão que cegava meus olhos.
Conforme descia, percebia que já não haviam mais pelo caminho tantas das tais pedras brilhantes, bem poucas até, e conforme descia, elas diminuiam em quantidade considerável.
Parecia-me que estava quase lá, porém, a certeza de que acharia algo valioso lá em baixo era cada vez mais fugidia, devido às observações feitas no caminho. Então olhava para cima, pensava em voltar, mas o caminho parecia ser bastante doloroso... talvez valesse a pena continuar descendo, eu ainda tinha algumas chances de encontrar o que queria.
Finalmente cheguei até o fundo. Eu não enxergava praticamente nada além da escuridão. O pouco de luz que vinha estava muito longe para clarear alguma coisa. Ao banharme na lama que havia lá, procurando a pedra que brilhava, a decepção foi enorme. Não havia algo de valioso lá em baixo, apenas lama e lodo fétido, animais peçonhentos e putrefação, na qual banhei-me sem haver necessidade, procurando algo que em realidade, nunca existira. O brilho intenso que vi eram as pequenas pedras que recolhi ao inciar da aventura, daquele caminho sem fim. Só me restava agora subir de novo, escalar todo aquele imenso paredão, voltar por todo aquele caminho sem fim que havia acima de mim.
Comecei, não havia outra escolha, porém estava difícil, meu corpo todo doía, clamando por um descanso. Sentia minhas forças esvaindo-se aos poucos, e aos poucos eu subia. A subida era tão lenta que só o que pensava era em desistir. O que fazer? Me atirar sobre a força forte que forçosamente me puxava para baixo? Não podia. Um dia teria que começar a caminhada novamente, pela certeza de que não havia outra saída. E quando mais esperasse, mais doloroso seria, mais fraca estaria diante de mim mesmo... seria muito doloroso. Tive de continuar.
Fui subindo, subindo, e quanto mais perto chegava aquela roda de luz lá em cima, mais forças em mim reuniam-se, por ver que aquele sofrimento estava todo cada vez mais perto do fim.
Finalmente cheguei lá em cima. E junto com o alívio e felicidade, a decepção, mais uma decepção. As pequenas pedras pelas quais achava ter valido a pena meus esforços eram falsas. Falsas! Ilusão! Pura ilusão! A luz que resplandecia no interior daquele imenso poço não eram senão pedras falsas e com o mesmo valor de cacos de vidros! E isso doía mais do que todo sofrimento experimentado até então... A descoberta de que fora mentira doía bem mais de que o esforço para sair da podridão...
O que me fizera descer tão fundo e sofrer, e sacrificar-me tanto por algo que nunca existira? O que queria eu, em para ter certos prazeres me sacrificar tanto, sendo que tais prazeres deviam vir de forma doce e pacifica e não amraga como fora? Tolice, infantilidade. Terei de carregar arranhões e machucados graças à minha "santa tolice, infantilidade e rebeldia".

Manoela Brum

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SURVIVE

Se esquivar das feras
E sair dando risada.
Tentar não sentir o vento
Soprando em seus ouvidos
O que você tem que fazer,
O que você tem que pensar.
Ver o sangue jorrando
E ter de encará-lo como água,
Água que é bom para limpar.
Sentir o ardor interno,
Tomar algo gelado,
E fazê-lo parar.
Pensar na vida,
Esquecer que outros dependem dela,
E que ela, de outros.
Talvez o segredo seja viver em bandos,
Mas é necessário saber viver sozinho.
Como? Se da vida dependem outras,
E de outras depende ela?
Muitas vezes preciso rir hoje
Pra chegar ao amanhã.
Mesmo que o riso de hoje signifique o pranto de amanhã.
Amanhã terei de achar outra coisa para rir,
Mesmo que esta signifique o pranto de algum tempo.
É necessário sobreviver,
E talvez pra isso seja preciso
Uma relação recíproca,
Que nunca é possível
Seja na mente de um,
Ou na vida de outro.
O mundo atual não é canibal,
Mas o único objetivo é sobreviver.
Pois sem isso, não se vive.

Manoela Brum

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Imponente Brilho Solar

Todos gabam o sol.

Todos o julgam perfeito.

A luz que ilumina nossos dias;

O calor que aquece nossas almas;

A força que tudo faz brotar, frutificar.

Mas e quem fala da lua?

Esta ingenuidade que brilha quando mais de luz precisamos:

na noite escura.

Esta, que humildemente aparece quando lhe dão espaço

para dissipar a escuridão no silêncio das noites solitárias

é menosprezada diante daquele que, orgulhoso, diz:

“Ai daquele que ousar levantar fronte para mim.

Ai daquele que tentar me decifrar,

olhando com vistas curiosas a minha beleza ímpar,

pois estes sentirão seus olhos arder.”

Como podem casar com a lua

um ser que pretende,

com sua luz imponente,

iluminar a todos e ocultar as outras luzes?

Não é o sol, mas a lua que me faz brilhar.

Pois, por mais negra que esteja a noite

sempre terá uma lua a iluminar.


Manoela Brum

terça-feira, 12 de junho de 2012

Poréns de ser racional



Ser racional sempre pareceu-me ser a melhor escolha: pensar antes de agir e só agir quando os benefícios forem maiores que os malefícios, não fazer nada por impulso e analisar tudo fria, calculada e racionalmente.
Mas aconteceu-me uma situação em que tudo me provou que o melhor a fazer era agir de determinada forma. E essa determinada forma era baseada em emoções. Mas como já falei, tudo me provou que era a melhor forma de agir, então agi. Mas, para minha surpresa: "Pegadinha do malandro!"
Não era a melhor forma de agir. Nesta situação, "tudo" estava mentindo.
E agora me vejo presa em uma situação que não consigo (nem quero) me livrar, mas que não vai me levar a lugar nenhum.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Justiças parciais...

Em 27 de agosto de 2011, um acidente que tive o desgosto de ver quando voltava para casa do curso num sábado pela manhã, foi o motivo pelo qual postei aqui no blog o que penso sobre a grande quantia em dinheiro que as construtoras de carros utilizam para desenvolver e fabricar tecnologias que permitam carros mais e mais rápidos (sendo que nem é permitido utilizar toda essa velocidade fora das pistas de corrida), quando deveriam - DEVERIAM SIM - utilizar essa quantia em dinheiro para fabricar carros mais seguros, que sofressem menos danos nos acidentes, e que fossem mais econômicos.


Link da postagem citada:
http://manoelabrum.blogspot.com.br/2011/08/ignorancia-despreocupacao-or-what.html


Hoje, vejo uma noticia de um acidente em uma rodovia que liga RJ à MG, envolvendo um ciclista e um dos homens mais ricos do Brasil, onde o ciclista foi atropelado por um Mercedes SLR MacLaren, guiado por este homem, de nome Eike Batista, e morreu, além de ter tido o rosto transfigurado, uma perna e um braço amputados, e seu coração ter ido parar dentro do carro do motorista, tudo isso apenas com o impacto do atropelamento.
A noticia informa que o motorista prestou todos os socorros necessários, não estava alcoolizado, e portanto, não será indiciado por homicídio doloso (com intenção de matar), mas sim por homicídio culposo (sem intenção de matar).
Contudo, ainda resta-me um dúvida: se quando, em um atropelamento com caso de morte o motorista estiver alcoolizado é considerado homicídio doloso, por que neste caso onde o motorista estava evidentemente em uma velocidade não permitida pelas leis de trânsito, devido o estado que ficou o corpo, não será também considerado homicídio doloso? O fato de estar em tão alta velocidade não evidenciava a questão de que se houvesse algum acidente haveria morte?


Segue o link da notícia citada:
http://br.noticias.yahoo.com/fez-cidad%C3%A3o-honrado-tem-fazer-diz-eike-batista-133148944.html



Manoela Brum

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Vem-me à mente que hoje é dia internacional da mulher.
Vem-me à mente também, o motivo pelo qual hoje é o dia internacional da mulher: Movimentos feministas por melhores condições de trabalho, direito ao voto, etc, enfim, direitos humanos.
É lamentável pensar que o sexo feminino teve de lutar por direitos humanos, sendo que na antiguidade culturas muito desenvolvidas já consideravam suas mulheres como iguais ou mais importantes que os homens.
Mais lamentável ainda, é ver que ainda atualmente há povos, em cujas culturas a mulher ainda é considerada um ser abaixo dos homens. Um exemplo disso é a cultura africana, onde a mulher deve andar sempre atrás do homem na rua, carregando todas as sacolas e filhos, e se alguém for ajudá-la estará ofendendo o marido; outro exemplo ainda, é o caso que virou notícia no mundo, em 2010, do Irã, quando uma mulher que foi acusada de manter relações extraconjugais com o assassino de seu marido, seria apedrejada até a morte, num ato de extrema barbarie em enterrando-a até o pescoço, de formas que sua cabeça ficasse a mercê do apedrejamento até a morte.

Ver "Carta não enviada ao presidente do Irã", em relação à mulher que seria apedrejada:

http://manoelabrum.blogspot.com/2010/10/carta-nao-enviada-ao-presidente-do-ira.html

Ou seja, para que serve haver uma celebração internacional em homenagem à mulher enquanto ainda há práticas onde o respeito humano à mulher se torna nulo? Isso não se encaixa na citação: "Povo que me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim."?
Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher tem unicamente um caráter festivo e comercial. E hipócrita, claro.

Manoela Brum

terça-feira, 6 de março de 2012

Pensamento derrotista

Para mim, pensamento derrotista é ver a vida passar.
É querer o mundo, em tua vida a girar,
que todos te sirvam,
que não precises trabalhar,
que o governo te mantenha,
que sê tu a parasitar.
Ainda, pensamento derrotista para mim é o seguinte:
"Aah se possível,
Se possível não trabalharia,
nem estudado seria,
apenas viajaria,
do mundo, da vida aproveitaria.
E depois de cercar-me com muito requinte,
morreria feliz, satisfeito estaria."
Dourado pensamento,
ornado de infelicidades.

Derrotista, não é exatamente isto?
Não trabalhar, não sofrer para alcançar, apenas "aproveitar"?
Isso sim é sonhar.
Isso sim é derrotismo.
Mas não, planejar, estudar, sofrer, trabalhar e alcançar,
isso não é sonhar,
isso não é derrotismo.

Manoela Brum

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Imbecis hipócritas!

"O ideal é ser feliz e não perfeito"
"Valeu a pena"
"Filho se nem eu te julgo, quem pode te condenar"
"Etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc e muitos mais etc."
Todos conhecem muitas mensagenzinhas destas que estão por ai na internet. O fato é ... HIPOCRISIA.
Pare de compartilhar algo que nem mesmo você sente, e por não sentir quer fazer o mundo acreditar que sente, quer que o mundo conheça uma mascara que fica no lugar de seu rosto para apaziguar um pouco aquele zunido que não sai de sua cabeça.
E digo também que este zunido não é ocasionado pela porcaria que os outros são, ou pela porcaria que o mundo é, mas pela porcaria que você é. Se não fosse isso, o zunido não estaria na SUA cabeça, tenha certeza disso.
Além do mais, não estou dizendo para não botar esta mascara no seu rosto, estou dizendo para modelar seu rosto de acordo com esta máscara.


Manoela Brum

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Época do terror

Você gosta de histórias de terror? Você tem medo? Pois eis-me aqui para vos falar de algo que assola a humanidade a muitos e muitos anos...
Um mal cíclico, que de ano em ano vem reforçar as ligações do mundo com seu estado materialista.
Isto meus amigos, é a maldição do fevereiro que está chegando...
Esta é a época em que muitos dos fantasmas que assombram os interiores das famílias e dos indivíduos se espalham para abstrair mais vítimas...
Fujam os puros, escondam-se os inoscentes e ocultem-se os que desejam o bem, pois não há coração fraterno que consiga evitar que amigos vão usufruir e compactuar com essa maldição.
Não há força do bem, heroi gladiador ou ser humano evoluído que tenha conseguido quebrar a maldição...
Maldição que todos os anos vem trazer doenças, álcool, drogas e mortes... muitas mortes... mortes e doenças que tomarão as noites do Brasil e as tornarão as mais funestas registradas em todas as épocas da humanidade.
Por isso, que comecem os preparativos de sobrevivência dos que não atuam nessa história de terror. Ou que comecem os preparativos psicológicos de quem acha que pode aguentar as futuras noites de loucura.
Poucos serão os que sairão vivos dessa maldição nas próximas noites... (sim, isto é uma premonição! olhe as páginas de jornal que falam sobre mortes nos dias seguintes as festas do Carnaval! ;)  )


Manoela Brum

sábado, 14 de janeiro de 2012

Você já passou por isso?

A inconsciência do futuro me torna confusa. Em certos momentos, em coisas aparentemente incontroláveis, tem-se que fazer coisas, tomar-se certas atitudes para evitar algum mal pior no futuro. Mas como saber que esse mal será um mal? Será que não será para ser assim, e não seria, na verdade, bom? O primeiro pensamento que vem responder a essa questão transpassa uma sensação pessimista, e se resume em: Capaz, é óbvio que não vai ser assim. E então, outro pensamento o segue: Será? Será que esse pensamento pessimista não é exatamente o que você deveria pensar para fracassar? Pronto, está posta a dúvida. E o pior é que tudo faz sentido. Um pensamento pessimista nunca é bom, portanto, este lado está errado, e, logo, o outro lado deve estar certo. Mas eis então o problema: eu não posso crer nesse lado da questão, porque isso pode ser ruim, pode ser pior, pode ser fatal. Não posso colocar um objetivo tão nobre em jogo... Mas o outro lado da questão o poria também... E não sei como bloquear essa vazão... E alguns dizem que não se deve bloquear, mas administrar... Eu ainda não sei o que fazer; e o dormir não tem mais solucionado problemas.
E o pior não é isso. Daqui uns dias eu vou olhar para tudo isso e rir. Mas não vai ser porque a coisa tomou um final feliz.



Por que famílias são todas iguais?

Estive pensando... talvez as famílias todas iguais que só mudam de endereço sejam iguais ao teu círculo de convivência, e dentro dele, apenas; e as mascaras sociais adiantem aos sujeitos à sabedoria para mostrar o que realmente dura, o que realmente vale a pena.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não quer ter mediunidade??

Bom... Inicio de ano, venho falar hoje de uma questão que me deixa um tanto indignada com a humanidade.
Eu sou Espírita, e nesta situação, ouço muitas pessoas falarem: "Ah, eu já fui no centro Espírita, tenho mediunidade mas não quero usar... Eu tenho o livre arbítrio."
Quem diz isso escreve na sua própria testa que não é sequer um bom frequentador do Centro Espírita, pois não conhece absolutamente nada desta Ciência que é o Espíritismo.
Para quem não sabe, o Espítitismo não é só uma religião, não é uma coisa que os seres humanos inventaram, não é só uma forma de se ligar com Deus, não é simplesmente um conjunto de regras que te diz como agir sem explicar porque. O Espíritismo é muito mais do que isso. Ele é antes de tudo uma Ciência, que revela Leis da Natureza, assim como outras ciências, a física que revela as leis da física, a química que revela as leis da química e etc. Quais são essas leis?? Bom eu não tenho capacidade de resumir todo esse ensinamento... apesar de que muitos espíritas usam a lei maior para resumí-los, mas eu não gosto de citá-la em primeira instância para não passar para os leigos a ideia de que ele tenha como base primeira a religiosidade, visto que sua base primeira é a Ciência, como já disse, a revelação de leis naturais, sendo que a religiosidade desta doutrina será sua última consequência, da seguinte forma:
O Espíritismo é uma Ciência; a compreensão e a ação de acordo com as leis que essa Ciência revela, levará a uma determinada filosofia de vida; e essa filosofia de vida espírita fará o homem se ligar com Deus, aí está a religião (religae=ligação com Deus).
Agora, entendido o que é o Espiritismo, vamos à questão de que falava: Mediunidade.
Aqui vai uma resposta para as pessoas que usam a frase que citei acima sobre ser médium:
Mediunidade não é algo que você enquanto encarnado vai decidir se quer ter ou não. Mediunidade é um canal de comunicação com o mundo espiritual (lembrando que espiritual não é sinônimo de sobrenatural, como muitos pensam), é uma porta aberta que não pode ser fechada. Há casos em que aparentemente a mediunidade cessa durante a idade adulta voltando a despertar apenas na velhice. Digo aparentemente porque ela sempre estará em atividade. Se você é médium, a hora que um Espírito bem entender ele vai agir sobre você, sendo isso perceptível a você ou não...
Estando esta porta aberta permanetemente, qualquer Espírito poderá agir sobre ela, sendo ele bom ou não. Quando você usa esta porta para o bem, para a caridade, os Espíritos que estarão usando sua faculdade mediúnica serão certamente os bons; isso se dá geralmente nos Centros Espíritas (não confundir com centros de umbanda ou outras correntes espiritualistas). Quando você não quer usar sua mediunidade desta forma, quando você usa a famosa frase "sou médium mas não quero usar minha mediunidade", este canal continuará aberto, queira você, quer não. Só que aí, se não são os Espíritos bons, de luz, que estarão contigo, usando tua mediunidade, quais Espíritos serão?? ... Os inferiores, certamente. Nestes casos, as pessoas geralmente ficam loucas quando idosas, ou desenvolvem transtornos de bipolaridade, de depressão e os graves quadros de obsessão que podem até levar à morte.
Resumindo, se você tem mediunidade você vai usá-la, não adianta fugir. Cabe a você escolher para que a usará, e com quem usará.
Livre arbítrio? Sim você tem. Ele consiste em fazer o que quiser, mas aguentar as consequência depois!
Manoela Brum